O evangelho e a vida evangélica são “PRÁTICA”.
Em Rm 8.18-23, o apóstolo Paulo nos alerta sobre a ardente expectativa
sob a qual o mundo aguarda a manifestação dos filhos de Deus. Nos mostra
como o mundo geme de dores esperando por este momento. O mundo de
dores, o mundo que sequer sabe que está buscando por pudores,
equilíbrio, amor e família, espera que os filhos de Deus manifestem-se
na mesma ansiedade com a qual os judeus aguardavam a manifestação do
messias.
Sentir-se abandonado, rejeitado ou excluído é, sem dúvida alguma, a pior
das condições e sensações humanas. Por esta preocupação, Deus traz ao
mundo o Filho e este traz ao mundo o Consolador, que se manifestaram
para expressar o quanto o Pai não deseja deixar em situação de abandono a
sua Criação.
Por isso a Igreja precisa se manifestar nesta terra, agir com dignidade
honrando a vocação que o Seu Senhor deixou para ela, manifestar a sua
glória por meio de atos de amor. A Igreja de Jesus é somente aquela que
vive com a exclusividade de demonstrar ao mundo o glorioso AMOR DE DEUS
POR ELA POR MEIO DE CRISTO. Que entende que o discurso é a consequência
daquilo que se vive.
Não pode ser igreja de Jesus aquela que apenas se reuni em um prédio de
alvenaria periodicamente, ou aquela que aprendeu o discurso da
conveniência que tenta justificar a sua presença irrelevante para o
mundo. Mas somente aquela que entende, compreende e empreende viver em
primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça. É somente isto que
garante o estabelecimento dos atos de Cristo na terra: viver o Reino e
praticar a Sua justiça.
O que estou querendo dizer é que: uma comunidade que se diz cristã, mas
não está empenhada na transformação do mundo e das pessoas a sua volta,
ou do mundo imediatamente ao seu redor, NÃO PODE SER CHAMADA DE IGREJA
DE JESUS. Ou seja, é preciso que haja empenho para sermos o Corpo de
Cristo na terra, somos mais do que um ponto de encontro ou um clube
social religioso que se encontra três vezes por semana. Somos a agência
das benfeitorias de Deus nesta terra, por isso é obvio que não podemos
limitar nossas ações a reuniões ou programações igrejeiras, que
manifestam mais um costume religioso do que a Glória de Deus, que é
grande demais pra ser confundido com encontros de jovens, casais,
idosos, crianças, ou seja lá o que for.
É importante destacar que, na prática, implantar o Reino de Deus e a sua
Justiça é o mesmo que praticar a verdadeira religião (fé com obras),
descrita no livro de Tiago e explanada por Jesus no evangelho segundo
Mateus capitulo 25. 31 a 6: cuidar dos menos favorecidos, abandonados,
órfãos, viúvas, mendigos sem teto, excluídos e marginalizados urbanos.
As igrejas que perdem seu tempo em muitas programações e por isso não
têm tempo para fazer sua missão, estão negligenciando o verdadeiro
chamado de Deus para elas. E não haverá desculpas naquele dia. Nos dias
de hoje nossas desculpas podem até se sustentar, mas no grande DIA,
aquele que não tiver feito “aos pequeninos” será considerado maldito,
por não ter feito ao próprio Cristo.
Se não somos relevantes para o mundo terreno, não seremos relevantes para a eternidade.
Quanto tempo mais passaremos em nosso ativismo religioso, na síndrome de
Marta (Lucas 10.38)? Precisamos medir quanto dos nossos recursos estão
sendo investidos na vontade de Deus, tempo, dons, finanças,
relacionamentos…
Ousaria dizer que pela rotina que a maioria das igrejas vive, demonstra
que nossa prioridade não é o Reino de Deus, e muito menos a Sua justiça,
principalmente quando o mundo não nos percebe relevantes para ele.
Podemos concluir que a nossa noção de serviço equívoca, nosso ativismo
religioso e nossas programações igrejeiras são o maior empecilho para
que vivamos um evangelho mais relevante para nós e para os que estão
próximos a nós. Esses próximos que invisibilizamos por serem mendigos,
pobres, menores, desabrigados e famintos e que passaram a fazer parte da
nossa paisagem a caminho da igreja, mas nossas desculpas não vão ser
suficientes naquele Grande Dia!
“Tive fome e não me deste de comer”.
De que adianta tentar reprender a fome, sem crer que Deus pode multiplicar cinco pães e dois peixinhos?
Pregue o evangelho sempre! Com amor
Pr. Rui Damasceno.
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