Eu e você somos cristãos. Em teoria, deveríamos fazer pelo próximo o que
gostaríamos que fizessem por nós. Amar ao próximo como a nós mesmos.
Mas existe um porém: eu e você somos humanos – e essa é a parte horrível
da história. Porque eu e você fazemos coisas muito, mas muito distantes
das que Jesus idealizou para nós. Uma delas é magoar pessoas. Muitas
vezes, as pessoas que mais amamos. Explicar isso dentro da fé cristã é
inexplicável.
Pelo dicionário, “magoar” é “contristar”, “entristecer”, “ofender”.
Fugindo do academiquês, magoar é pegar o coração de uma pessoa e
esmagá-lo entre nossos dedos até que ele tenha sido transformado numa
massa disforme de dor, lágrimas e tristeza. Lamento informar: eu e você
fazemos isso com as pessoas com uma frequência bem maior do que
gostaríamos. Na maioria das vezes, sem a intenção de magoar. Mas
magoamos. Por palavras, atos, ações, atitudes, omissões, ausências,
escritos, imagens. Tomamos atitudes que achamos muitas vezes que vão
resolver problemas ou até mesmo por não saber resolver de outro jeito…
mas acabamos ferindo o próximo. E ferir o próximo é a coisa menos cristã
que há.
Pedro magoou Jesus. Ele foi egoísta e, para se livrar de sentir dor e
sofrer, deu as costas e traiu a pessoa mais importante de sua vida.
Marcos 14:72 nos fala de como Pedro se sentiu quando caiu em si e
percebeu o que tinha feito: “E logo
cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que
Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três
vezes. E, caindo em si, desatou a chorar“.
Esse é exatamente o problema de magoar. É um ato que nunca vem
acompanhado de dor só para quem foi magoado. Quem magoa, se ama quem
magoou, é tomado de um sentimento de dor lancinante. Mateus 26:75 vai
além e mostra o tipo de sentimento que vem embutido nesse choro causado
pela dor descontrolada: “E, saindo dali, chorou amargamente“. Magoar nunca é indolor. É amargo. Deixa um gosto de podre na boca.
A Bíblia descreve algumas características que a mágoa provoca. Em Salmos 6:7, diz o salmista: “Já os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e têm-se envelhecido por causa de todos os meus inimigos“. Já Jó 17:7 afirma: “Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos, e já todos os meus membros são como a sombra“. Mágoa escurece os olhos, consome o olhar. E se nós formos a Mateus 6, veremos que “A
candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem
bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o
teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas,
quão grandes serão tais trevas!“
Ou seja: a mágoa rouba a luminosidade do teu corpo e te mergulha em trevas.
Meu irmão, minha irmã, geralmente quando somos magoados isso nos chama
muita atenção. Mas raramente nos damos conta de que magoamos alguém. E
quando isso acontecer, só lhe resta um caminho: o da humilhação.
Humilhe-se.
No léxico do mundo, humilhar-se é rebaixar-se. No do Céu, é elevar-se.
Jesus lavou os pés dos apóstolos. Se você magoou alguém, não deixe por
isso mesmo. Lave os pés dessa pessoa. Peça perdão. Chore amargamente.
Deixe o gosto do fel descer pela sua garganta. Abandone o orgulho besta
que não serve de nada na vida de um servo de Deus. E quando aquele ente
magoado puser a mão sobre o seu ombro e disser “tudo bem, eu te
perdoo”… meu querido, minha querida, você terá vivido uma das
experiências mais sublimes da vida cristã.
Você magoou alguém recentemente? Pois então pegue uma bacia com água, um sabonete e uma toalha e comece a ser cristão.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Maurício Zágari - Apenas
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