Moradora
do Distrito Federal, a jornalista Nana Queiroz criou a campanha “Eu não
mereço ser estuprada”, que já conta com mais de 44 mil adesões em um
evento criado no Facebook. A manifestação foi criada na quinta-feira, 27
de março, quando o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
divulgou uma pesquisa que mostra que 65,1% dos brasileiros concordam,
total ou parcialmente, que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo
merecem ser atacadas”.
Como forma de apoio ao protesto, milhares de mulheres e homens
publicaram fotos nas redes sociais, com a frase que dá nome ao
movimento, que ganhou apoio de celebridades e foi citado até pela
presidente Dilma Rousseff.
A força da campanha aumentou quando muitas mulheres posaram nuas,
cobrindo os seios com placas que diziam “Eu não mereço ser estuprada”. A
polêmica em torno do assunto motivou-me a escrever sobre o tema.
Os abusadores sexuais podem ter qualquer idade, nacionalidade ou posição
socioeconômica. É comum o infrator negar seu comportamento abusivo,
recusar a ver suas ações como um problema, racionalizar seu
comportamento ou pôr a culpa em algo ou alguém e esse por a culpa em
alguém, no caso a vítima, é o que acendeu essa campanha.
A Bíblia condena o abuso sexual com os termos mais fortes. Ela considera
um ato de traição e uma violação total da personalidade qualquer
tentativa de confundir, manchar ou denegrir os limites pessoais,
generativos ou sexuais pelo comportamento sexual abusivo. Veja mais em
Gênesis 1:26-28; 2:18-25; Levítico 18:20; II Samuel 12:1-22; Mateus
18:6-9; I Coríntios 5:1-5; Efésios 6:1-4; Colossenses 3:18-21; I Timóteo
5:5-8.
A Bíblia condena o abuso de poder, autoridade, porque isso tem um
impacto nos sentimentos mais profundos da vítima sobre si própria, os
outros e Deus. Enfraquece sua capacidade de amar e confiar.
Um dos valores fundamentais que os seres humanos tem é a dignidade que é
explicada por José Afonso da Silva em Curso de Direito Constitucional
Positivo, pág. 30: “Dignidade humana é um valor supremo que atrai
conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à
vida”.
Cremos que os princípios da fé adventista requerem que estejamos
ativamente envolvidos na manutenção da dignidade e na luta contra o
abuso sexual nas suas mais variadas formas. Como adventistas, estamos
também comprometidos em ajudar espiritualmente as pessoas que sofreram
ou cometeram abuso sexual e suas famílias no processo de cura e
recuperação, porque ninguém merece ser estuprada!
“Crede no Senhor vosso Deus e estareis seguros”. 2 Crônicas 20:20
Rafael Rossi - Agência Adventista Sul-Americana de Notícias
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